No livro 2041 , um dos maiores especialistas em inteligência artificial imagina, através de análises e contos no melhor estilo Black Mirror , uma realidade dominada pela tecnologia
Saindo do clichê dos livros teóricos e cheios de conceitos incompreensíveis ao público leigo, Kai-Fu Lee, fundador da Google China e autor do best-seller Inteligência artificial , e Chen Qiufan, um dos grandes nomes do sci-fi, apresentam ao leitor dez contos que mostram de forma divertida concepções que podem se tornar uma realidade até 2041. Ainda que alguns deles pareçam saídos de um filme de ficção científica, outros serão facilmente reconhecidos pelo leitor como parte do seu cotidiano.
Cada conto de Chen Qiufan é acompanhado por uma análise de Kai-Fu Lee sobre como a tecnologia apresentada na trama fará em breve parte de nossas vidas. Os temas vão desde carros sem motoristas e robôs que farão todo o trabalho que consideramos entediante até novas formas de educação e de cuidados com aqueles que estão prestes a partir. Os autores apresentam de maneira simples e direta temas que poderiam, de outro modo, soar complexos, ao mesmo tempo em que refletem sobre como a inteligência artificial já é uma realidade para nós.
2041 demonstra como o mundo pode ser daqui a duas décadas em uma obra dedicada não apenas aos leitores que se interessam por tecnologia, mas também a todos aqueles que desejam ter um vislumbre de como serão os próximos anos.
Mas o capítulo final, o livro deu uma quinada e evoluiu bastante, sendo a conclusão seu ápice. Costurou com maestria todos os contos, as tecnologias mencionadas e as consequências delas no futuro que se avizinha na humanidade. É franco, cru, mas consegue ser esperançoso. Não chega ser uma leitura necessária, mas considerando o avanço da IA, fornece uma base visual para como ela se desenhará sobre a humanidade, suas facetas sociais e econômicas.
Com o inegável implemento e rápido avanço da IA em todas as áreas de conhecimento humano, as tarefas eminentemente humanas, sociais e criativas são as que sobreviverão, o que leva a conclusão de que os antissociais, os que se negam a adquirir novos conhecimentos, os que se estacionaram na corrente do tempo e das melhorias tecnológicas, serão substituídos e marginalizados, tanto no campo social como econômico.
Jovens cresceram vislumbrando algumas carreiras que não mais existirão ou estarão totalmente diferentes quando eles atingirem seu clímax de aprendizado, o que poderá a levar ao sentimento de inutilidade. As crianças de hoje ocuparão profissões que ainda não existem e o que impede que a esperança de um dia ocupa-las crie raízes em seus corações e suas mentes, as raízes que serão necessárias para direcionarem seu aprendizado para tais áreas de conhecimento.
A sociedade tem historicamente desvalorizando serviços muito vitais e centrados em humanos, tanto em termos de como são vistos quanto em como são remunerados, e será necessário rever esse paradigma, porque tais empregos formarão a base da nova economia com a implementação maciça da IA, tais como cuidadores, assistentes sociais, mentores. Entre a otimização da IA e a necessidade do toque humano, surgirão novos trabalhos eminentemente humanos, que exigem compaixão e empatia, qualidades não provenientes da IA.
Com a IA teremos, mais uma vez na história, um Novo Renascimento, em que será celebrada novamente a criatividade humana, com ampla produção artística e científica, com as facilidades que só a IA proporcionará. A IA nos liberará do trabalho rotineiro, nos dará a oportunidade de desenvolver nossos talentos e pensar profundamente a respeito das qualidades que nos tornam eminentemente humanos e singulares. Qualquer tecnologia suficientemente avançada é impossível de distinguir da magia.
É melhor viver seu próprio destino de forma imperfeita do que imitar perfeitamente o de outra pessoa, tudo em busca da felicidade que é um processo dinâmico de abandonar constantemente os medos menores que nos são inerentes e conquistar novos caminhos, desbravando-os.
A IA criará uma riqueza inimaginável, ampliará nossas capacidades por meio da simbiose humano-IA, nos libertará da forma como trabalhamos, nos divertimos, nos comunicamos, nos libertará de tarefas rotineiras e nos levará à plenitude. Há diversos desafios e perigos nesse caminho, como segurança de dados, deepfakes, armas autônomas e substituição de trabalhadores, dentre outros. Se formos gratos por tudo que a IA proporcionará e, ao mesmo tempo, implementarmos nossa reinvenção, reaprendizado e renascimento, poderemos trabalhar em conjunto com a IA para exploração de vasto campo de conhecimento.
Este livro traz esta visão a qual às vezes não é tão futuro assim.
Estou lendo pela 2ª vez após tentar me atualizar um pouco sobre a IA e percebi que Kai-Fu Lee adianta as possibilidades dela.
Indico para quem deseja criar novas ferramentas com a IA.
Vale a leitura .
Recomendo a leitura. Gostei da parte da computação quântica, e da educação.